por Daniel Furtado Martino*
Antes da criação do nosso Sistema Único de Saúde, a saúde pública era restrita apenas aos trabalhadores de carteira assinada, que contribuíam com a previdência social. Nesse modelo, desempregados, trabalhadores informais, donas de casa, entre muitos outros, que não podiam pagar pela medicina privada, tinham que contar apenas com instituições filantrópicas de caridade, “curanderismo” e com a sorte. Era um modelo que não escondia a motivação de proteger a mão-de-obra para não ter perda da produtividade com o adoecimento dos trabalhadores e não se importava verdadeiramente com a saúde da população.
Antenados com movimentos internacionais, como a conferência de Alma Ata e exemplos bem sucedidos de implementação de políticas públicas, voltadas para a Atenção Primária, em países como China e Inglaterra, um grupo de profissionais da saúde, militantes de movimentos sociais e cidadãos cansados dessa visão de saúde excludente e nada democrática, começaram a lutar por mudanças. Em meio a uma ditadura militar, na qual a liberdade de expressão havia sido aniquilada e os movimentos organizados eram vistos como ameaças, esses setores da sociedade lutaram sem trégua e, em 1988, conquistaram a inserção, na nova Constituição Federal, que surgia com a queda da ditadura, o direito à saúde para todos os cidadãos, um sistema universal e sem restrições. Saúde passaria a ser um dever do Estado, que deveria, através de políticas públicas, garantir esse direito. Afinal de contas, todos não temos direito à vida? Todos não temos direito à felicidade? Logo, como poderia a saúde, um componente fundamental dessas duas, não ser também um direito?
Esse sistema que surgiu de forma a garantir a saúde como um direito fundamental se chama Sistema Único de Saúde ou, como é mais conhecido, SUS. O SUS é um sistema gigantesco e suas ações vão desde ações de Prevenção e Promoção da Saúde, com campanhas contra o tabagismo, de motivação para a prática de exercícios físicos e de vacinação (responsável pela erradicação de várias doenças), distribuição gratuita de remédios (coquetéis contra HIV, por exemplo), farmácias populares, SAMU, até procedimentos de alta complexidade, como transplantes cardíacos (95% dos transplantes é financiada pelo SUS). E os resultados, por mais que a campanha contra o SUS não os mostre com clareza, são extremamente animadores! Nós aqui no Brasil somos referência mundial no combate ao HIV/AIDS, referência mundial em redução da mortalidade infantil, da desnutrição, referência em transplantes de órgãos, erradicação de doenças como a poliomelite… os exemplos são vários! O SUS é um modelo a ser copiado mundo afora e um modelo para ser protegido aqui dentro. Não só protegido, mas construído e melhorado com a participação de todos.
* Daniel Furtado Martino é estudante de medicina.
Esse artigo foi publicado no jornal O Povo do Estado do Rio de Janeiro na coluna Saúde, Mel e Limão.
Estou acabando de chegar, a essa conceituada empresa de saúde, e tudo fluindo, natural e bravidade… parabéns!!!!!